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quarta-feira, 18 de maio de 2016

A cultura sem cultura do Brasil

Sou obrigado a, novamente, falar do Brasil. Mas eu vos exorto, este não será o único assunto do ironista. 

O que houve com aquilo que chama-se cultura em Brasil? Os artistas, geralmente, abastecidos pela lei Rouanet, de autorização à promoção de cultura não só a artistas "consagrados" (sic), mas a artistas fora do eixo cultural e iniciantes? Não sei. Mas há alguns exemplos de que o governo afastado do PT usou destes artistas que agora, em nome de uma suposta ideologia, defendem ferrenhamente aquilo que nem se pode defender em pertencer-se à classe artística brasileira e, pior, fazem-no sem pudor em praças internacionais...

Elenquei alguns dos acontecimentos, sem citar nomes, pois todos são deveras sensíveis ao público que os fazem conhecidos e irão, certamente, querer retaliar quem os coloque em xeque. 

1- Um diz que a lei é de autorização e não de captação de recursos para determinados fins artísticos. Porém, esquece-se de dizer que os recursos geralmente, não em todos os casos, isto seria leviandade, de cofres públicos, ou seja, de nós mesmos. A cultura tornou-se um braço de distribuição de renda a quem tem renda altíssima. Mais uma vez defender a lei não é a mesma coisa que defender aquilo que chamas-se de defender a cultura. Mas eles acham-se a cultura e esta indispensável sem eles. Mas Machado de Assis e Dalva de Oliveira precisaram disto para serem grandes como foram? E Grande Otelo? 

2- Vão a Cannes, França, para, depois de quase R$ 3,0 milhões arrecadados chamar de golpe aquilo que há no Brasil. Muitos moram em condomínios fechados e outros nem ao Brasil moram e são defensores de última hora do golpe. Quanta desfaçatez! Ainda mais quando o filme é beneficiário. O golpe está em um próximo filme ter de ir atrás de patrocínio pelo talento dos artistas e não pelo incentivo desonesto do governo. 

3- Artistas sérios que não quiseram participar desta cena abjeta são alvo nas redes sociais. Não respeitam nem colegas de trabalho que são massacrados por militância. Em estilo mais democrático possível eles xingam e pixam tudo o que refere-se a estes nomes. Ah, mas isto é liberdade de expressão! Ao ator Marcelo Serrado, deste eu cito o nome, sobraram acusações, boicotes, xingamentos em redes sociais e nenhuma solidariedade destes quanto ao "golpista" Serrado. Além de tudo não sabem nem sequer ajudar a um colega de profissão. Ó Moliére, façais logo uma peça, uma nova Comédia dos Erros. 

4- Artistas, a pensar serem arautos da intelectualidade debocham do brasileiro e pedem ajuda internacional para o que instituições brasileiras de forma limpa determinaram que foi o afastamento da presidente reformadora de gramáticas e destruidora de idiomas. Dilma conseguiu com que atrizes fossem recorrer até ao Papa e obtiveram como resposta que a União Européia deve intervir, se for o caso, em Venezuela e não em Brasil. O tiro saiu pela culatra. 

Com tudo exposto acima dá-se nome a isto que fazem: desespero e oportunismo. Blogs não terão mais patrocínios estatais e serão como este blog simplório: gratuitos e sem receita. Contractos serão repisados com cláusulas de competência e não com Q.I's que só afastam o melhor actor para o fim da fila. 
No mais a cultura ou descultura brasileira segue a fazer filmes questionáveis do ponto de vista geral e a não ganhar nada em contrapartida a intelectuais que usam redes sociais que somente espalham e disseminam o pérfido e despencado em política social. Comunismo e sua cultura monolítica jamais conseguirão demonstrar que a vida cultural vive por si e que projectos a serem apoiados devem ser aqueles que busquem fazer conhecer e a reconhecer quem realmente merece e não só rostos bonitos à tela ou em peças a fazer da medriocridade regra. 


Eustáquio Silva (18/05/2016). 


terça-feira, 17 de maio de 2016

Brasil: Um país de cócoras.



A República Federativa do Brasil, em seu centésimo vigésimo sétimo ano de existência, está literalmente de cócoras. Quando uma mulher afasta suas roupas íntimas e faz as suas necessidades fisiológicas em foto de um desafecto demonstra aquilo que o país tornou-se: uma imensa latrina. A democracia tão aludida e a Constituição que diz-se ser rasgada, em verdade, nunca foi respeitada em projecto de Poder do Partido dos Trabalhadores. A reacção instantánea é totalmente condizente com o nível educacional e de raiva incontida na política.

Se uma pessoa passa-se a este delicto sob voto de indignação lembra-me Renato Descartes para o qual o bom senso, ironicamente, seria o mais bem distribuído entre todos os seres humanos. Em uma terra sonámbula e devastada, em constante queda económica, alguém cuspir em plenário, defender torturadores e ainda defecar em imagens de desafectos torna a lição cartesiana totalmente cabível. Em um país com tamanho desvirtuamento o dejeto orgánico é o mais aplicável. Não vejo sequer uma actitude própria de um país por estas searas. O país vê diluir o seu sonho irrealizável de ser o país do futuro. Como o que fica é o que será escrito, logo deixo registado: este país acabou ou foi acabado por tanta corrupção e educação (mesmo com o propósito de “pátria educadora”).

Notadamente o epíteto “golpe” junto ao vocábulo “democracia” e mais “defesa” são anacrónicos em espécie e género. Logicamente inconsistentes. Socialmente indefensáveis e o jeito de criar uma aura para um crime de “acto para o povo” é uma estratégia antiga, pero não mais aceitável para um governo. O risco é de que o país torne-se piada internacional com falta abundante de clareza e existência de realidade. Daí Descartes é chamado mais uma vez ao texto para edificar à clareza o principal ponto: ninguém é tão claro em sua vulgaridade quanto expelir dejetos em nome de uma suposta ideologia da já desgastada esquerda, que não mais é possível ser dicta como uma que preze pelo outro.
Notadamente o que temos cá é o que lá se pode chamar de evidente abismo. O mundo cresce, mesmo que pouco, e vemos lançados crimes, fraudes, e juros astronómicos em um país que vangloriava-se de crescer à contramão de uma crise mundial. As mentiras coleccionam-se. O mundo espanta-se diante da cacofonia que o país tornou-se.

Em suma: quando um país tem como palavra mais usada a palavra “crise”, nem os 127 anos de República viram algo igual, e tem-se o bestial de volta à pauta do dia, mas agora no governo, só fezes representam ao país.

Eustáquio Silva (29/04/2016).

Cuidado com o "politicamente correcto"

Perdoai-me, ó vós que são sensíveis a este tema. Mas não posso deixar de ser ironista por cá. Uma das reclamações mais ouvidas e alardeadas é que não houveram negros e mulhres ao ministério do presidente Michel Temer - presidente em exercício - da República Federativa do Brasil. Tal acusação recai sobre a pecha de preconceito e de retrocesso. Palavras cunhadas juntas de forma anacrónica - como é que algo concebido antes (pré) pode trazer algo de retorno (retro)? Mas a sensível retórica dos movimento ligados ao governo afastado são prova cabal de que o tenso movimento de jus sperniandi está a pleno vapor. 

Que deixem-me totalmente equivocado se esta maneira de ver o mundo nada mais é do que a maneira de separar, dividir, crir clãs e retroceder. 

Senão vejamos, o nobilíssimo Marx em algum trecho de sua obra louva ou inclui as mulheres? O também igualmente nobre Che Guevara não dizia que homossexuais deveriam ser exterminados? O não tão menos nobre Lenin não admitia nada que não fosse oriundo de violência e de estrago à humanidade?

E pior: o  próprio Marx disse-nos que a verdade é que a política não era para os negros, por estes serem inferiores. Busquem tais fontes em cartas de Marx sobre o tema. 

Carta de Marx a Lassalle: "... é agora completamente evidente para mim que, como provam a formação do cránio e de seus cabelos, ele descende do negros do Egito, presumindo que sua mãe ou avó tenha cruzado com um preto" (1887) 

Engels ao mesmo ano: "A estar em sua qualidade de outro preto, um grau mais próximo do resto do reino animal do que do resto de nós, ele é sem dúvida alguma o representante mais adequado deste distrito" 

Percebais, ó vós, o quão preocupados com as minorias sociais são estes dois baluartes do pensamento socialista. 

Marx a Engels: "Em suas aplicações históricas e Políticas, Trémaux é muito mais importante e frutífero do que Darwin [...] Como ele indica (ele esteve na África por muito tempo) o tipo do negro é apenas a degenaração de um tipo muito superior" 

Além de referir-se a Lassalla como "judeu nigger", termo pejorativo usado em muito nos EUA e que até hoje tem tom pejorativo. É, até nossos "heróis" cometem preconceitos e outros, anos depois falam de politicamente correcto. 
Há alguma coisa que não remete à realidade e não remata a sensibilidade das pessoas. O mundo muda e o tempo passa e nós vemos cada vez mais o nosso "ideal", o clã "ideológico" cada vez mais desmontado. 

Vale lembrar o "grelo duro" do chefe do petismo em Brasil Lula. Ao referir-se às mulheres de seu partido que, por muito menos, promovem uma insurreição. Por ventura, alguém sabe dizer-me o porquê de não ter provocado reacções?

Mas a referência certa é a de que "nós" podemos falar, mas "eles" não. Nós aceitamos que alguém fale, mas eles não. Nós temos "green card" e eles não. Será que a divisão das pessoas chega até este ponto? 
Enfim... 

Acompanhemos os próximos capítulos do ministério não inclusivo da não-esquerda. Perdoai-os, pois eles nem sabem a sua própria história. 



Eustáquio Silva  (17/05/2016)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Gilles Deleuze: abecedários e esquizofrenia de esquerda

Prestai atenção ó todos que visitais este blog, ora lá se não falaria do grande Deleuze, a dobra da filosofia contemporánea em minha estréia enquanto o irónico a escrever sobre história, política, cotidiano e filosofia. 

Este nobre senhor francês, devoto da boa filosofia em pedaços faz-se mister em este blog com toda a honra devida a um esquizofrénico, como gostaria de ser chamado. 

Por começar a falar de sua habilidade em ver o horizonte e nisto falar o que é esquerda, ou ser de esquerda. Atentai ó vós que este nobilíssimo pensador do pós, antes do fim do moderno, diz-nos que a idéia de um pensador sério é fazer o pensamento de fora para dentro. A visão totalmente barroca de sua filosofia (culto a conceptismo) faz com que voltemos nós os nossos surrados olhos para a realidade do outro e deixemos a nossa por ficar de lado. Fixe! Alguns dirão que nada mais nobre. Mas gostaria de perguntar ao detentor dos Platôs qual seria a forma de colocar o olho a fora de sua órbita. Um porte nobre precisa de uma actividade paranormal que possa convencer-nos de sermos detentores da verdade conjugada de que só sendo "nós" e a esquecer de ser "eu" nós podemos falar em pensamento aproveitável. 

Esqueçais os pudores! 

Aí vem mais uma choviscada do pensador francês: isto é ser de esquerda! E ser de esquerda é fundamental! 
A lá me vão os fios brancos de minha pêra. Ah não me digais tal coisa ó miúdo! Não posso crer que eu, a esta altura de minha vida, acredite que vós, ó baluarte da cimeira do pensamento continental, realmente queirais que eu comungue de vossa opinião. Com a devida vénia, não é-me oportuno. 

Ademais o intrépido pensador faz abecedários onde tira quem quer e coloca quem quer como pensador. Olhe lá: o pensamento é segundo ele de fora para dentro, mas os pensadores são de dentro para fora. 

Tem coisas que devo ter meus defeitos em compreender, mas eis um problema que um ironista há de resolver-se: como eu posso pensar fora de mim? E ainda ser "gauche"? E ainda estar apto à realidade e a normalidade mental? Ah, mas quase esqueci-me, ele é um esquizofrénico. 

Como um esquerdista pensa um horizonte? Por si mesmo, por suposto. Ele coloca o horizonte e ele mesmo vai em busca deste. Ele mesmo constrói um horizonte e vai domá-lo logo após. Que ironia! Que ironia! 

Prefiro deixar em canto quieto meus nervos e somente dizer-vos que esta passada de perna filosófica de um pensador francês pós do não pós é o que ele tem a oferecer-nos e muitos adeptos deste fazem-no com a animação de miúdos que catam pedregulhos à praia. 

Mas não vos esqueçais! Ele é de esquerda e se não fores também podes ter problema se dizeres algo mais alto. Esquezofrénicos assumidos são perigosos, ora pois! 



Eustáquio Silva (17/05/2016)